O casamento do Eddie Murphy e Tracey Edmonds durou 14 dias. Por Juliana Vilas Eles anunciam que estão apaixonados e vão se casar. Organizam cerimônias e festas milionárias e avisam que vão passar a lua-de-mel em lugares paradisíacos. Durante o tempo em que estão apaixonados, esses casais de famosos não saem das manchetes dos jornais, das fotos na internet e das revistas. No “grande dia” não se fala em outro assunto. Depois de um tempo: a separação. Foi assim com o ator americano Eddie Murphy, que casou com a produtora Tracey Edmonds na bela ilha de Bora Bora, na Polinésia Francesa, no primeiro dia deste ano. A cerimônia de luxo para apenas 25 pessoas, entre amigos e parentes, foi cuidadosamente pensada durante meses, mais especificamente desde julho, quando Eddie pediu a moça em casamento com um belo anel de diamante de oito quilates. Como lembrança da festa, as madrinhas foram presenteadas com brincos de ouro com diamantes e os padrinhos com relógios de grife. Toda essa pompa para tudo acabar 14 dias depois, com a separação do casal. A imprensa internacional divulgou vários possíveis motivos para o fim da relação. Eddie era agressivo com Tracey. Ele teria sugerido levar a mãe para a lua-de-mel, ficou com medo de perder parte do patrimônio milionário para a ex-futura-mulher – o ator já briga na justiça com a ex-mulher, Nicole Mitchell. O objeto da disputa são as duas mansões do ator em Nova York, avaliadas em US$ 37 milhões, e outra, de US$ 10 milhões, em Los Angeles, onde os recém-casados deveriam morar. No Brasil, o casamento-relâmpago também é comum. Um bom exemplo é a união da apresentadora Daniela Cicarelli com o jogador Ronaldo, em 2005, que durou menos de seis meses, ou do cantor Fábio Jr. com a socialite e atriz Patrícia de Sabrit, que não passou de 135 dias, em 2001. O enredo é parecido em quase todos os casos: o casal não esconde de ninguém que está bem apaixonado, não se desgruda, namora alguns meses e resolve casar, sem noivado, sem planejamento e sem esperar a paixão se transformar em amor. Tudo em menos de um ano. Mais tarde, os motivos dos rompimentos também coincidem. Desconfiança, ciúme, descaso, desentendimentos, distância, fim. E, na maioria das vezes, reencontros no tribunal. Medo da vida a dois - Mais do que casos isolados, os casamentos-relâmpago podem ser um dos fenômenos mundiais deste século. É o que defende o sociólogo polonês Zigmunt Bauman, professor das Universidades de Varsóvia e de Leeds, na Inglaterra. Para ele, estamos vivendo relacionamentos cada vez mais descartáveis, muito influenciados pela velocidade alucinante das informações. Bauman, que escreveu o livro “Amor Líquido” – sobre a fragilidade dos laços humanos –, explica que os relacionamentos que nascem na internet, tão comuns hoje, podem ser feitos e desfeitos com a mesma rapidez e facilidade, o que torna mais difíceis as relações sólidas e de longo prazo. O sociólogo analisa ainda que, por outro lado, cresce também a procura e o desejo das pessoas por uniões mais estáveis. No Brasil, essa idéia faz sentido. As Estatísticas do Registro Civil do IBGE apontam que o número de casamentos realizados em 2006 foi 6,5% maior do que em 2005. No mesmo período, o número de divórcios cresceu 7,7%. Ou seja: cada vez mais gente quer casar e, no entanto, as pessoas se separam mais rapidamente. Para o estudioso polonês, homens e mulheres estão perdidos na correria do mundo moderno. Por isso, entram e saem de casos amorosos tentando acreditar que o próximo será melhor. Bauman conclui, em seu livro, que: “a solidão por trás da porta fechada de um quarto com um telefone celular à mão pode parecer uma condição mais segura do que compartilhar um espaço doméstico comum”, o que quer dizer que as pessoas estão cada vez mais individualistas, sentem medo da vida a dois. E, quando casados, desistem na primeira crise. E quem já dividiu o mesmo teto com a pessoa amada sabe que problemas não faltam na vida a dois.Entre os motivos que destroem um casamento, a infidelidade está no topo da lista. Traição, para a maioria das pessoas, é insuportável, imperdoável. Pior que violência física. Ser trocado por outra pessoa ou enganado quase sempre dói muito. Não é preciso ter pressa - Hoje, poucos se lembram do tempo em que casamento tinha que ser para sempre. E mesmo quando não havia mais amor, nem respeito, nem admiração, não havia possibilidade de separação. Era preciso suportar e até viver de mentiras. Se a possibilidade de acabar com um enlace malsucedido e ganhar uma outra chance de ser feliz trouxe benefícios, por outro lado, banalizou o que antes costumava ser uma decisão seríssima, que demorava para ser tomada: a de casar. Planejar uma festa de casamento é como anunciar para todos que você achou a pessoa certa, com quem pretende dividir todos os dias do resto de sua vida. Mas o grande dilema é justamente saber se a pessoa escolhida é a ideal e depois, sabendo que não existe ser humano perfeito, conviver bem com as diferenças. Prever o para sempre é quase impossível. Porém, especialistas garantem que algumas técnicas ajudam antes do sim. “São três sentimentos que devem ser observados: quando vocês estão juntos, têm sensação de que já viveu aquela cena antes? O tempo parece voar? E tem a noção de que sua vida está completa? Se respondeu sim às três perguntas, há enorme chance de o casamento dar certo”, avalia a terapeuta Claudya Toledo, autora do “Manual da cara metade” e diretora da maior agência de relacionamentos do Brasil, a A2 Encontros. Outra dica valiosa é não se precipitar. Casar ou morar junto com menos de um ano é arriscado. E não apenas os famosos cometem esse erro. A gerente comercial Vivian Barroso idealizou o romance perfeito em apenas quatro meses e meio de namoro. Entusiasmada, resolveu se casar no auge da paixão. Uma semana antes da cerimônia, porém, caiu a ficha. Incentivada pelas amigas e com medo das críticas, casou assim mesmo. Na festa, era notável o arrependimento. E a ressaca do dia seguinte foi fulminante. Antes da viagem de lua-de-mel, decidiu terminar tudo e colocou o marido para fora de casa. O casamento, que durou duas semanas, como o do ator Eddie Murphy, foi anulado. Hoje, ela só se arrepende de não ter pensado melhor. Noivar é bom - Não existe receita de casamento duradouro, mas dicas de especialistas no assunto podem ajudar a ter – quase – certeza de que a vida de casado será bem sucedida (veja quadro à esquerda). Tão importante quanto cultivar a relação depois do casamento é fazer alguns testes antes do grande dia. O período de noivado pode ser fundamental. É a última chance de desistir do casamento sem grandes traumas. Se o casal não consegue, por exemplo, entrar em acordo nem para escolher a cor das paredes, certamente terá problemas no futuro. Sobretudo quando a paixão esfria e é preciso revolucionar a relação, fazendo nascer sentimentos menos urgentes, mais tranqüilos, estáveis e duradouros. Paciência antes, durante e depois do casório parece ser a principal dica dos estudiosos. E lealdade mútua. Para sempre!
Ranking dos casamentos-relâmpago 01 • Britney Spears e Jason Allen Alexander (2004) - 55 horas 02 • O jogador de basquete Dennis Rodman e a atriz Carmem Electra (1998) - 9 dias 03 • Eddie Murphy e Tracey Edmonds (2008) - 15 dias 04 • O jogador de futebol Muller e Miriam Rodrigues (1993) - cerca de 60 dias 05 • Drew Barrymore e o comediante Tom Green (2001) - pouco mais de 60 dias 06 • Lisa Marie e o ator Nicolas Cage (2002) - cerca de 90 dias 07 • Ronaldo e Daniela Cicarelli (2005) - cerca de 120 dias 08 • Fábio Jr. e Patrícia de Sabrit (2001) - 135 dias 09 • Giovanna Antonelli e Robert Locascio (2007) - 180 dias 10 • Adriane Galisteu e o empresário Roberto Justus (1998) - 253 dias 11 • Marilyn Manson e Dita Von Teese (2005) - cerca de 365 dias As queixas mais citadas pelas mulheres que resolvem pedir o divórcio: 01 - adultério 02 - alcoolismo, agressão e depressão (do outro) 03 - necessidade de espaço 04 - diferença cultural ou profissional 05 - falta de atenção e diálogo Já o que mais motiva os homens a se separarem é: 01 - desgaste da vida a dois, desinteresse sexual 02 - paixão por outra pessoa 03 - vontade de sair da rotina 04 - dificuldades financeiras 05 - diferença cultural, profissional |