Hackers brasileiros aumentam ataque a internautas portugueses
Os cibercriminosos brasileiros não se contentam mais em agir no território nacional. Um alerta emitido pela Kaspersky Lab, laboratório da fabricante de softwares de segurança, informa sobre o aumento de malware produzido por brasileiros que circula em Portugal. O principal alvo são os clientes bancários.
Kaspersky (Foto: Reprodução)
De acordo com a empresa, cerca de 30% dos portugueses são adeptos do chamado Internet banking, uso da internet para realizar operações bancárias. São 2,2 milhões de alvos em potencial para os hackers brasileiros que, desde janeiro, ampliam os ataques a esses usuários. A Kaspersky usa o codinome 'Trojan.Win32.Cossta' para identificar ameaças virtuais criadas por brasileiros e que circulam majoritariamente em outros países. Também tem a variação do cavalo de troia 'Trojan.Win32.Cossta.raf', cujo crescimento em número de usuários infectados vem crescendo a partir de 6 de janeiro. Até mesmo internautas de Angola sofrem com as ameaças criadas pelos brasileiros.
Engenharia social é a principal forma de tentar os ataques. Mensagens falsas atribuídas a bancos pedem que os usuários informem suas credenciais bancárias, como conta e senha. A partir daí o cibercriminoso tem acesso aos dados e pode usa-los para realizar movimentações.
Os hackers brasileiros também usam mensagens falsas da Polícia de Segurança Pública informando sobre um suposto procedimento de investigação – que não existe. Ao clicar no link presente na mensagem o usuário baixa um arquivo que fica pronto para roubar dados relacionados a quatro grandes bancos portugueses.
Para essas situações a recomendação é que o usuário sempre desconfie de mensagens que ele recebeu sem solicitar o envio. Na dúvida não clique na mensagem, muito menos nos links dentro dela.Hackers brasileiros atacam a página do banco na internet
O Estado de S. Paulo - 01/02/2012 |
Depois de atacar na segunda-feira o site do Itaú, os hackers de um grupo que se autointitula "Anonymous Brasil" disseram ter derrubado ontem a página do Bradesco na internet. O banco, porém, negou que isso tivesse acontecido. Os mesmos hackers prometem atacar hoje o Banco do Brasil. "O site não chegou a ficar fora do ar, mas teve lentidão em alguns momentos por causa do grande volume de acessos", disse o vice-presidente do Bradesco, Aurélio Conrado Boni. Segundo ele, o site tem, na média, 42% de uso do sistema. Em alguns momentos da manhã de ontem, esse porcentual chegou a 100%. Ainda segundo Boni, só a página inicial (www.bradesco.com.br) foi afetada pela disparada nos acessos. O "Anonymous Brasil" diz que os ataques ocorrem em represália à ação da polícia na desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos. / L.M. Fonte: O maior Hacker Brasileiro Fantastico |
Hacker é preso em São Paulo
Hacker é preso em São PauloHacker pede emprego em banco e é preso
João Sperandio Neto, 24 anos, foi preso ontem em ação da Polícia Civil de São Paulo por extorsão. Considerado um dos principais invasores de redes de dados do Brasil, o jovem exigia US$ 500 mil dólares para não desviar US$ 2 milhões de um banco. João Sperandio Neto, 24 anos, foi preso ontem em ação da Polícia Civil de São Paulo por extorsão. Considerado um dos principais invasores de redes de dados do Brasil, o jovem exigia US$ 500 mil dólares para não desviar US$ 2 milhões de um banco. João admitiu que invadiu a rede, mas alegou que realizou para mostrar a deficiência e para tentar um emprego na instituição. A polícia monitorava o hacker desde o dia 1º de junho, quando integrantes do setor de segurança do banco revelaram a ação. Os funcionários disseram que a instituição passou a receber e-mails com senhas de diretores e extratos das movimentações de correntistas. A proposta do preso era vender um projeto de segurança. O texto era assinado por John. Para tornar ainda mais intrigante a situação, o telefone celular fornecido para contato foi comprado utilizando informações pessoais de um dos diretores do banco. O delegado conta que Sperandio Neto já tinha antecedentes criminais. Em 2008, ele havia sido indiciado por furto qualificado e formação de quadrilha, justamente por desviar dinheiro de contas bancárias, mas respondeu ao processo em liberdade. "Apesar de haver um processo em andamento, ele fez um acordo com o banco", disse Bernardes. A polícia não revelou o nome do banco. Neto já havia sido indiciado por furto no Rio Grande do Sul. Ele chegou a transferir o dinheiro de outras contas para a própria. A pena por extorsão é de 4 a 10 anos de reclusão.
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Hacker brasileiro sabe compensar técnica de iniciante, diz especialista
Colunista do G1 entrevistou Dmitry Bestuzhev, da Kaspersky Lab.
Brasil responde por 57% das fraudes on-line na América Latina.
Os brasileiros são notoriamente ativos na criação de golpes virtuais: 57% das fraudes na América Latina têm origem no Brasil e cada um dos principais bancos brasileiros é alvo de pelo menos 12% de todos os cavalos de troia criados mundialmente. No entanto, os hackers nacionais têm conhecimento de “nível técnico” e, para compensar a falta de sofisticação, são mestres na arte de enganação – a chamada “engenharia social”.
As afirmações foram dadas em entrevista exclusiva ao G1 pelo especialista em vírus Dmitry Bestuzhev, que conta com dez anos de experiência na área de segurança. Pesquisador Regional Sênior da América Latina na fabricante de antivírus russa Kaspersky Lab, Bestuzhev monitora a atividade maliciosa on-line na região a partir da cidade de Quito, no Equador.
Na entrevista realizada via e-mail e comunicador instantâneo, o especialista comenta as principais ameaças aos internautas e empresas hoje, além dos desafios enfrentados pela indústria para combatê-las. Confira os principais trechos da conversa.
Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.
G1 - O que mudou no cenário dos vírus de computadores nos últimos dez anos?
Dmitry Bestuzhev - Criadores de vírus não querem mais ser famosos aparecendo no Google, no noticiário ou simplesmente sendo reconhecidos por outros autores de códigos maliciosos. O objetivo hoje é ficar invisível, roubar tanto dinheiro quanto puder ou infectar o maior número possível de máquinas para alugá-las a outras pessoas com intenções maliciosas.
Dez anos atrás os criadores de malware se conheciam ou não tinham inimizade entre si, enquanto hoje existem grupos ou indivíduos que competem uns com os outros e fazem seu código para detectar e remover "malwares concorrentes" do sistema. Realmente o que temos agora é uma selva cheia de criminosos cibernéticos bem organizados.
G1 - Como se compara o que é observado no Brasil com a Rússia e o resto do mundo? Os golpes são parecidos?
Bestuzhev - O código malicioso feito no Brasil é muito mais simples e mais fácil de analisar do que o produzido na Rússia. Criminosos da Rússia e outros países da antiga União Soviética parecem ter conhecimento significativamente maior.
Como exemplo desta situação cito o Kido, também chamado de Conficker. Há indicações de que o Conficker foi produzido em algum país da ex-União Soviética. E apesar de ele já circular há quase um ano, milhões de máquinas continuam infectadas no mundo inteiro, inclusive no Brasil.-
Criminosos brasileiros aprenderam os fundamentos e usam a engenharia social como principal arma. Eles têm conhecimento de estudantes iniciantes de universidade ou nível técnico – não mais que isso. "
Os vírus produzidos no Brasil têm a característica de serem descartáveis – ele são disseminados, capturam quantos dados das vítimas for possível e, em seguida, são esquecidos. Para cada novo ataque cria-se um novo código malicioso.
Outra característica do malware do Brasil em comparação com o resto do mundo: 99,99% das pragas são projetadas unicamente para roubar senhas de contas bancárias. O malware produzido em outros países como a Rússia ou a China tem objetivos mais variados: bancos, jogos on-line, redes zumbi, extorsão de dinheiro, etc.
G1 - Qual o nível de conhecimento dos hackers brasileiros?
Bestuzhev - Nível técnico intermediário. Eles aprenderam os fundamentos e usam a engenharia social como principal arma. Pode-se dizer que eles têm conhecimento de estudantes iniciantes de universidade ou nível técnico – não mais que isso por enquanto. Mas eles são mestres em engenharia social.
G1 - O código dos vírus usados no Brasil recebe contribuição de criminosos de outros países?
Bestuzhev - Ao analisar o código dos vírus banqueiros feitos no Brasil, pode-se dizer que foram desenvolvidos 100% “em casa”, sem usar as técnicas e experiências de criminosos de outros países.
G1 - Podemos dizer que o Brasil abriga o maior número de grupos de criminosos virtuais na América Latina? Por quê?
Bestuzhev - Sim, com certeza o Brasil é o país mais ativo na produção de malware na região.
Em primeiro lugar, há muitas pessoas. É a lei da natureza – onde há mais pessoas, mais delas estão propensas a fazerem o mal. Além disso, não há legislação para combater o cibercrime. A lei utilizada no Brasil para punir os infratores foi aprovada na década de 40 e, naturalmente, ela busca combater roubos de rua, não na internet. No momento em que se tenta usá-la, há muitas limitações, dificuldades em usar provas eletrônicas, e assim por diante.-
Os mecanismos de segurança disponibilizados pelos bancos aos seus clientes são relativamente simples e fáceis de quebrar."
Deve-se considerar também que os mecanismos de segurança disponibilizados pelos bancos aos seus clientes são relativamente simples e fáceis de quebrar.
Estamos falando de plug-ins instalados no sistema, usando nomes e caminhos de arquivo estático e que podem ser facilmente removido por programas anti-rootkit e outras ferramentas de segurança [Bestuzhev se refere à prática dos vírus brasileiros de usar ferramentas originalmente criadas para remover vírus que são usadas por pragas brasileiras para desativar os softwares instalados pelos bancos. É um caso em que aplicativos de segurança são usados contra as proteções]. Certamente há outros fatores, mas esses são os principais.
G1 - Como são as fraudes em outros países da América Latina?
Bestuzhev - A fraude on-line está presente em todos os países latino-americanos, mas os métodos usados pelos criminosos são diferentes. Por exemplo, no México um método muito popular de infecção é o conhecido como Qhost. A forma como ele funciona é simples - alterar o arquivo HOSTS do sistema para que as visitas ao site do banco da vítima sejam redirecionadas para sites falsos.
Na Argentina, no entanto, os criminosos preferem o velho truque de engenharia social com o ponto final sendo o phishing (páginas falsas de bancos que roubam os dados do internauta). A maior parte dos crimes envolvendo o roubo de dinheiro está ligada precisamente com ataques de phishing (veja aqui como funciona essa estratégia).
G1 - O governo brasileiro tem tentado tornar computadores mais acessíveis. Isso é bom, mas quais são as implicações de segurança?
Bestuzhev - Claro que, com a acessibilidade das máquinas e o acesso à internet aumenta o risco de novos incidentes, pois mais pessoas podem cair nas mãos dos cibercriminosos.
O principal problema reside na formação desses novos usuários. Quem vai cuidar deles? Não é suficiente proporcionar facilidade de acesso – é necessário educar. Talvez alguém verá isso como gastos desnecessários ou algo assim, mas no longo prazo haverá danos ou perdas de bens.
Eu acho que a educação em informática deve ser gratuita, acessível e contínua. Talvez o governo, apoiado por empresas de segurança e outras instituições, poderia fazer esse tipo de evento educacional. Como eu disse, eles teriam de ser contínuos e não únicos. Isso ajudaria o estado a cumprir sua responsabilidade em relação às novas tecnologias e evitaria uma grande quantidade de fraudes e outros crimes através da internet.
G1 - A Kaspersky coopera com a polícia?
Bestuzhev - Sim, temos colaborado com vários organismos de segurança em todo o mundo. Tentamos fazer com que essa relação seja tão próxima quanto possível, fiável e eficaz.
G1 - Qual a importância dessa relação?
Bestuzhev - Acho que não é suficiente criar mecanismos de segurança de aplicação. Estamos lutando contra o cibercrime, mas devemos sempre ter em mente que há criminosos físicos por trás deste crime – pessoas que continuam a criar malware dia após dia, semana após semana.
É necessário que os criminosos sejam presos e cumpram a pena em conformidade com a legislação local e que haja colaboração entre as empresas de segurança e as instituições de segurança física. Só assim é possível cortar o mal pela raiz.-
Se em serviços públicos tais como o VirusTotal um vírus não está sendo detectado por um ou mais antivírus, isso não significa que na realidade da máquina do usuário ele não é detectado."
G1 - Para terminarmos, quais são os principais desafios da indústria antivírus hoje? Como ela responde às novas ameaças?
Bestuzhev - Os principais desafios são os avanços nos empacotadores (packers, programas usados para criptografar ou compactar o código malicioso).
Em muitos casos, pode acontecer que uma amostra [de vírus] já é detectada por um antivírus, mas ao ser novamente “empacotada” a assinatura do software não é mais eficaz. Criadores de malware utilizam muito esta técnica para evitar a detecção ao reutilizar pragas existentes.
Criamos mecanismos que podem detectar malware não individualmente pelas assinaturas, mas pelo comportamento geral. Criamos emuladores, analisadores de comportamento e outros mecanismos pró-ativos que nos permitem detectá-los.
Por esta razão, se em serviços públicos tais como o VirusTotal um vírus não está sendo detectado por um ou mais antivírus, isso não significa que na realidade da máquina do usuário ele não é detectado. Temos desenvolvido mais do que um mecanismo antivírus e uma assinatura. Penso que esse é o caminho para darmos a resposta aos criminosos.
* Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança para o PC”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguranca.
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Hacker brasileiro relata 'carreira' de crimes online
Fábio se curva sobre um computador velho em um cibercafé escuro e sujo de uma favela de São Paulo - ele está aprendendo os conhecimentos básicos para cometer crime online.» Vírus: hacker é condenado por prejuízo de US$ 20 mi
» Hacker rouba dados de seis milhões de chilenos
» Primeira rede social para hackers é lançada
» Fórum: opine sobre o assuntoFábio - nome fictício - está tendo aulas online com hackers mais experientes e é surpreendentemente franco sobre a nova carreira. "Eu compro pequenas coisas - celulares, câmeras. Dessa forma, as pessoas nem sabem que eu estou usando o cartão delas", afirma.Fábio foi um dos personagens de uma série especial do Serviço Mundial da BBC sobre criminalidade no mundo chamada How Crime Took On The World (Como o Crime Tomou o Mundo, em tradução livre).Estima-se que a indústria de crime cibernético - fraude com cartões de crédito e outras transações bancárias online - movimente US$ 100 bilhões ao ano em todo o mundo e é o setor do crime organizado que cresce mais rapidamente, cerca de 40% ao ano.Acredita-se que o Brasil seja um dos países com o maior número de criminosos cibernéticos.Prejuízo
Fábio trabalha sob a lógica de que apenas uma minoria dos donos de cartão de crédito checa seus dados bancários cuidadosamente e, mesmo quando checam, eles podem pensar duas vezes antes de denunciar um roubo pequeno à polícia porque sabem que os recursos para buscar tais criminosos são limitados.Mesmo assim, os pequenos roubos realizados por Fábio são apenas a ponta de um grande iceberg que está dando dor de cabeça às autoridades ao redor do mundo."O custo de roubo de identidade e fraude de cartão de crédito online foi estimado em US$ 52,6 milhões em 2005", disse Peter Allor, chefe da X-Force, a unidade de inteligência da empresa IBM ISS.Mas bancos e outras empresas são relutantes em liberar dados sobre os prejuízos que sofrem com o problema pelo medo de que isso possa afastar os clientes."Roubando de rico"
A entrada de Fábio no mundo do crime cibernético começou recentemente. Ele diz que nunca conseguiu um emprego que pagasse bem e que sobrevive com dificuldades - ele conta que é divorciado e viaja duas horas de ônibus para o centro de São Paulo para ajudar o filho.Fábio faz parte de uma minoria de jovens brasileiros que usa computadores para cometer crimes. Mas há preocupações de que o número de envolvidos aumente à medida que milhares se tornam alfabetizados na linguagem da Internet, já que o acesso à rede é fácil devido ao grande número de cibercafés e lan houses.Ao ouvir a afirmação de que crime pela Internet é errado, independentemente do quão pobre ele seja, Fábio se defende."Eu não estou tentando roubar ninguém que acorda cedo e pega o ônibus e tem que ir pra casa e dar de comer aos filhos e não tem dinheiro", insiste.E afirma que o seu objetivo é fazer amizade, online, com uma pessoa bem rica - "alguém que tenha uma limusine ou um helicóptero e não se importe com gente pobre." Fábio diz estar convencido de que conseguirá tirar muito dinheiro de sua vítima.Mas, por enquanto, Fábio é "peixe pequeno".- BBC Brasil - BBC BRASIL.com - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC BRASIL.com.
Hacker brasileiro diz que ataques no País foram "molecagem"
O software LOIC é conhecido como 'arma regulamentar' de todo hacker e tem sido o mais usado até agora
Foto: Reprodução"Adeus perdedores. Vocês não se infiltraram em nada de interessante, ao contrário do Wikileaks. Qualquer idiota pode baixar o LOIC e executar o script kiddie em sua casa para fazer esse tipo de bloqueio. LoLz, que piada de mau gosto". Assim um usuário do The Pirate Bay saudava os membros do LulzSec, poucas horas depois da "tripulação dos seis", como descreveram a si mesmos, publicar no sábado passado sua carta de despedida - de redação clara e com um certo tom épico - depois de 50 dias provocando inquietação nas redes. "São só travessuras de adolescentes. O que temos visto agora tem sido basicamente XSS e DDoS. Nada novo, são técnicas que remontam a 1997", disse ao Terra Daniel, um brasileiro que é referência no meio hacker e que começou a se destacar há mais de uma década por conta de seus talentos. Com 32 anos em 2011, seu trabalho atual consiste justamente em aplicar técnicas de hacking em sistemas de telecomunicações para identificar e corrigir eventuais vulnerabilidades.
O Brasil entrou na semana passada na lista dos países onde as ações dos hackers alcançaram grande repercussão na mídia. Pelo menos três grupos, um deles reivindicando associação com o LulzSec, assumiram a responsabilidade por uma série de interferências em páginas do governo e de empresas estatais. Depois do anúncio do fim das hostilidades dos Lulz, entraram em cena outros grupos que assumem novos ataques e prometem uma escalada.
Pixações eletrônicas
Daniel considera que os ciberataques dos últimos dias são mera 'pixação eletrônica' e prevê que esse tipo de ação aumentará. "Se mesclarmos a popularização das máquinas, o acesso à informação e essa ostentação naqueles que se sentem detentores de um conhecimento quase místico sobre computadores, é de se esperar que aumentem as demonstração", analisa.
Frente às suspeitas de que os ataques desses supostos adolescentes possam tornar-se mais sérios e comprometer a segurança das corporações ou até de entidades oficiais, o hacker rejeita a hipótese. Ele diz que a maioria daqueles que têm conhecimento suficiente para serem ciberpiratas está empregada como administrador de sistemas de empresas de maior ou menor porte.
"No âmbito corporativo, os ataques realmente perigosos são muito difíceis de executar se não houver a colaboração interna de algum empregado infiel porque em geral as redes são robustas e funcionam de maneira autônoma, sem conexão com redes externas, o que diminui muito a possibilidade de invasão", justifica Daniel, lembrando que as infitrações mais alardeadas em empresas brasileiras têm sido produto de vingança de empregados.
Identidade múltipla
No Peru, um grupo que se identificou como Anonymous anunciou a "Operação Los Andes" contra o governo, acusado de monitorar "indiscriminadamente" os usuários peruanos. Resultado: bloqueio de oito páginas do governo no último sábado.
No Chile, o resultado foi a desativação do site da Subsecretaria de Telecomunicações por meio de ataque DDoS.
Na Espanha, aplicaram também o DDoS em uma página da Movistar para denunciar "demissões massivas" e "censura". Mais uma vez, bloqueio, bloqueio, bloqueio....
No Brasil, os objetos de ataque foram as páginas da Presidência, do Senado, dos ministérios do Esporte e da Cultura, da Petrobras, da Infraero e do IBGE, entre outras. Fontes oficiais, no entanto, afirmam que em nenhum caso foi afetada informação que não estivesse já disponível para o público.
A Polícia Federal iniciou formalmente uma investigação, mas ainda que identifique os responsáveis no Brasil, não existe uma lei específica que julgue invasões online. As autoridades adiantaram à imprensa que, se forem pegos, os acusados seriam processados por "perturbação de serviços de utilidade pública", segundo informou a agência AFP.
Na fronteira do crime
Pode-se dizer que o que se tem visto é algo parecido com as marchas do mundo real em que os manifestantes escrevem nas paredes de um prédio público ou mostram imagens em seus cartazes. Ninguém tem entrado nos arquivos protegidos. Até agora. Se alguém entrasse e roubasse um documento, estaria comentendo um delito.
Mas mais que ver na cadeia estes 'ladrões', as grandes empresas preferem tê-los ao seu lado. As versões sobre a contratação por parte do Facebook de Geohot (conhecido por desbloquar o Playstation e o iPhone) é o mais recente exemplo disso, que se soma à estimativa de 2,6 mil hackers recrutados pelo FBI, segundo a CNN.
Explica-se: os danos que esse tipo de roubo vem provocando às grandes corporações podem acabar com elas. Tentando contrariar os efeitos negativos que teve sobre sua imagem, a Sony ofereceu um seguro de proteção a seus clientes de até US$ 1 milhão para enfrentar possíveis usos fraudulentos de seus números de contas bancárias e cartões de crédito, depois dos ataques de junho.
Acesso negado
A revelação de informações ocultas, justamente, é uma das reivindicações de grupos como o Anonymous, cujas ações fazem com quem fiquem próximos da ilegalidade ao mesmo tempo que viram heróis 'hacktivistas'. Daí surge a solidariedade espontânea com organizações mais institucionais, como o Wikileaks representado por Julian Assange, que militam pela universalidade do direito à informação.
A alusão ao Wikileaks leva a considerar a projeção política que poderiam ter as ações registradas nos últimos dias. Tem circulado a hipótese de que existem grupos políticos tradicionais interessados em capitalizar sobre estas intervenções adolescentes. Mas como não tem aparecido nenhuma revelação bombástica até agora, a situação realmente parece mais uma exaltação juvenil do que um incipiente 'hacktivismo'.
"Se vamos falar de hacktivismo, o único campo onde efetivamente há ações significativas é o código aberto e o caso mais claro é a construção do Linux", considera o nosso entrevistado, que observa esse movimento de uma perspectiva que lhe propicia conhecer bem a "velha escola brasileira de hackers", a geração que tem em torno de 40 anos e vive a tranquilidade comum desta idade.
"O resto é pura molecagem", insiste Daniel, que admite implicitamente ter atuado por muito tempo nessa área. "Provavelmente mudarão de nome várias vezes, porque a mídia agora está em volta deles e devem ter se assustado um pouco. A polícia e os serviços de inteligência já têm agentes especializados neste tipo de delito e quando não tem, nos pedem ajuda", conclui o expert.- Terra
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